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Lacuna
de um Administrador
As páginas amarelas da Revista Veja
nº 6, do ano de 2014, trazem uma entrevista com o cientista político Luiz
Felipe D´Ávilla que enfatiza a necessidade de uma nova safra de estadistas
dispostos a arriscar o seu capital político na defesa de reformas para um
Brasil melhor.
Na matéria, vários aspectos da área
administrativa são abordados como, por exemplo, “assumir riscos”, “liderança”,
“reengenharia”, “visão de futuro”, “estabelecimento de metas”, “meritocracia”, dentre
outros. Daí verifiquei que nunca tivemos nenhum Presidente da República com
formação em Administração.
Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano
Peixoto, Hermes da Fonseca, Humberto de Alencar Castelo Branco, Artur da Costa
e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo tinham
formação militar. Eram ou são bacharéis em direito: Prudente de Moraes, Afonso
Pena, Nilo Peçanha, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Epitácio Pessoa, Artur
Bernardes, Washington Luís, Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Carlos Luz, Nereu
Ramos, Jânio Quadros, João Goulart, Tancredo Neves e José Sarney. Café Filho
não concluiu o Curso de Direito. Juscelino Kubitschek era formado em Medicina,
Fernando Collor em Ciências Econômicas, Itamar Franco em Engenharia, Fernando
Henrique Cardoso em Ciências Sociais, Dilma Rousseff em Economia.
Fiquei imaginando a falta de um
Administrador na gestão do nosso país. O administrador é agente de mudanças.
Planeja e traça estratégias, tem ampla visão de negócios, aprende com as
organizações que estão dando certo, é preparado para correr riscos com
responsabilidade, evita desperdício de material e mão-de-obra, controla resultados,
estuda as técnicas para uma boa gestão, é treinado para enfrentar desafios e
conviver com adversidades e mudanças. Durante sua formação acadêmica de, no
mínimo, dez anos (incluindo especialização, mestrado e doutorado) estuda
matemática financeira, contabilidade, sociologia, direito, economia, relações
humanas e ética. Ao concluir a graduação
jura, promete diante da sociedade:
"Prometo dignificar minha profissão,
consciente de minhas responsabilidades legais, observar o Código de Ética,
objetivando o aperfeiçoamento da Ciência da Administração, o desenvolvimento
das Instituições e a grandeza do homem e da pátria".
É inegável o talento de
algumas pessoas para administrar negócios mesmo sem ter frequentado um curso de
Administração. Há incontáveis casos de sucesso, mas o mundo tornou-se mais
competitivo e governar não é um ambiente de negócios simples. Agora,
administrar é para profissionais.
O Brasil nunca teve o privilégio de ser
presidido por um Administrador, o que é compreensível, considerando a idade da
profissão. É hora de elegermos um profissional da área.
Na verdade, o que pretendemos destacar é que uma
pessoa com essa formação acadêmica está pronta e preparada para gerir qualquer
instituição. Um administrador na Presidência de República não garante o sucesso
do país, mas é quem tem a formação adequada.
Creio que é de um Administrador que o cientista
político Luiz Felipe D´Ávilla, se refere ao buscar um estadista. Ele é um
profissional que estudou, acumulou conhecimentos e aperfeiçoa-se cotidianamente
na “arte” de administrar e gerir recursos.
Texto de autoria de Maria Dilma Ponte de Brito - Publicado no Jornal Norte do Piauí e no Portal www.recantodasletras.com.br