domingo, 16 de dezembro de 2012

GENTE EDUCADA

 
 
Gente Educada
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            Dizem que “criança sofre”, porque não tem a liberdade de fazer o que quer. É sempre limitada pelos adultos. Hora disso, hora daquilo, coma isso, não coma aquilo. Fale com a amiga da mamãe, não brigue com o coleguinha, vista essa roupa, tá na hora de dormir.
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            Na verdade as crianças de hoje são mais “donos de seu nariz” do que as de tempos atrás. Já freqüentam os mesmo lugares dos adultos e já impõem sua vontade. De qualquer forma elas ainda batem o pé querendo mais.
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            Conversando um dia com um amigo, que se chama Eduardo, cheguei a conclusão que gente educada “sofre também”. Ele é um cavalheiro, daquelas que pisam no pé dele e é ele que pede desculpas. Sabe aquele cara, que abre a porta do carro para mulheres, que beija a mão das damas, que está sempre prestativo? Esse cara é ele. No seu vocabulário não existe a palavra “não”. Está sempre dizendo sim. O seu chefe pergunta: Eduardo você pode vir trabalhar no final de semana? A resposta é afirmativa. Chega em casa morrendo de cansado e o vizinho solicita: Eduardo você pode tirar uma dúvida de meu filho que vai fazer prova amanhã? Claro que posso.
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            Meu amigo detesta feijoada e a sua madrinha o convidou para almoçar exatamente feijoada. Educado que era engoliu a calabresa, o feijão, o pé de porco, o tocinho defumado sem nem fazer careta. E na saída ainda agradeceu e disse que o almoço foi ótimo ao ser indagado se gostou. Pior de tudo é que teve bis.
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            Ontem encontrei - me com ele todo “encriquilhado”. Como fazia tempo que não o via dei um abraço apertado nele, daqueles de quebrar costela e depois larguei dois tapas nas suas costas e disse do prazer em encontrá-lo depois de tanto tempo. Não me contive e perguntei: Por que você está tão curvado? Algum problema na coluna? A resposta foi positiva. E relatou que suas costas estão muito doloridas, não pode nem triscar na cadeira, nem no colchão que dói demais. Está sendo medicado, mas o problema é que precisa sair de casa e como tem muitos amigos, um abraço de quebrar costela aqui, um tapinha nas costas acolá só faz complicar sua recuperação.
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            E não é que nesse exato momento surge entre nós um amigo em comum e vai logo abraçando o Eduardo e da-lhe três tapas certeiros nas suas costas. Pensa que ele reclamou? Que nada, sorriu e o cara ainda comentou: Isso que é amigo estou vendo sua alegria nos lábios e lágrimas de felicidade nos olhos pelo nosso reencontro.
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            Eduardo é um “gentleman”, mais  uma coisa é certa, pessoa educada sofre e como sofre.
 
            Autoria: Maria Dilma Ponte de Brito