Gente Educada
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Dizem que “criança sofre”, porque
não tem a liberdade de fazer o que quer. É sempre limitada pelos adultos. Hora
disso, hora daquilo, coma isso, não coma aquilo. Fale com a amiga da mamãe, não
brigue com o coleguinha, vista essa roupa, tá na hora de dormir.
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Na verdade as crianças de hoje são
mais “donos de seu nariz” do que as de tempos atrás. Já freqüentam os mesmo lugares
dos adultos e já impõem sua vontade. De qualquer forma elas ainda batem o pé
querendo mais.
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Conversando um dia com um amigo, que
se chama Eduardo, cheguei a conclusão que gente educada “sofre também”. Ele é
um cavalheiro, daquelas que pisam no pé dele e é ele que pede desculpas. Sabe
aquele cara, que abre a porta do carro para mulheres, que beija a mão das
damas, que está sempre prestativo? Esse cara é ele. No seu vocabulário não
existe a palavra “não”. Está sempre dizendo sim. O seu chefe pergunta: Eduardo
você pode vir trabalhar no final de semana? A resposta é afirmativa. Chega em
casa morrendo de cansado e o vizinho solicita: Eduardo você pode tirar uma
dúvida de meu filho que vai fazer prova amanhã? Claro que posso.
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Meu amigo detesta feijoada e a sua
madrinha o convidou para almoçar exatamente feijoada. Educado que era engoliu a
calabresa, o feijão, o pé de porco, o tocinho defumado sem nem fazer careta. E
na saída ainda agradeceu e disse que o almoço foi ótimo ao ser indagado se
gostou. Pior de tudo é que teve bis.
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Ontem encontrei - me com ele todo
“encriquilhado”. Como fazia tempo que não o via dei um abraço apertado nele,
daqueles de quebrar costela e depois larguei dois tapas nas suas costas e disse
do prazer em encontrá-lo depois de tanto tempo. Não me contive e perguntei: Por
que você está tão curvado? Algum problema na coluna? A resposta foi positiva. E
relatou que suas costas estão muito doloridas, não pode nem triscar na cadeira,
nem no colchão que dói demais. Está sendo medicado, mas o problema é que
precisa sair de casa e como tem muitos amigos, um abraço de quebrar costela
aqui, um tapinha nas costas acolá só faz complicar sua recuperação.
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E não é que nesse exato momento
surge entre nós um amigo em comum e vai logo abraçando o Eduardo e da-lhe três
tapas certeiros nas suas costas. Pensa que ele reclamou? Que nada, sorriu e o
cara ainda comentou: Isso que é amigo estou vendo sua alegria nos lábios e
lágrimas de felicidade nos olhos pelo nosso reencontro.
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Eduardo é um “gentleman”, mais uma coisa é certa, pessoa educada sofre e como
sofre.
Autoria: Maria
Dilma Ponte de Brito