DISCURSO DE POSSE - MARIA DILMA PONTE DE BRITO
ACADEMIA PARNAIBANA
DE LETRAS
LANÇAMENTO DO LIVRO "ASSIM É A VIDA"
“A vida de cada ser
humano é uma constante e contínua sucessão de fatos, de empreendimentos e de
lutas, caracterizada por cada individualidade”.
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Sábias palavras, da
imortal Maria da Penha Fontes e Silva, primeira ocupante da Cadeira 04 desta
Academia, proferidas em seu discurso por
ocasião da comemoração do centenário de
nascimento de Ademar Gonçalves Neves.
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Cada homem tem a sua
história, seus objetivos de vida, suas esperanças e tem seus sonhos.
O homem, mesmo tendo consciência de sua
transitoriedade, quer superar seus limites. É próprio da natureza dele projetar
objetivos, perseguir metas, traçar planos, às vezes, tão audaciosos que parecem
intangíveis. Um dos preciosos alimentos para o espírito é nutrir um ideal;
porque ele dá sentido à vida, não obstante parecer, simplesmente, um sonho.
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Identifico-me
com esse homem que não pára de sonhar. Desde muito cedo, apaixonada pelas
letras, tinha um sonho distante, um sonho impossível: fazer parte deste cenáculo literário.
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. E hoje, esse
sonho torna - se real. Aqui estou, nessa noite, num dos momentos mais marcantes
da minha vida, ostentando “o manto”, consagrada imortal pela Academia
Parnaibana de Letras.
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Chego a esta
Academia, após seleção, onde atendi
requisitos de edital público e na tarde
de 24 de dezembro de 2005, por votação, os acadêmicos acolheram meu nome, para fazer parte dessa casa, o que agradeço
com veemência. A convivência com os imortais
da APAL, com certeza, será um
estímulo para continuar produzindo cada vez mais.
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Sabemos que
nem toda produção humana torna-se reconhecida, embora significante. Muitos
ficam no anonimato. Aqueles que contribuíram com a Arte, com a Ciência, com as
Grandes Maravilhas do mundo, às vezes são lembrados por algum tempo. O sucesso
é transitório, torno a repetir . Por isso, temos o dever e a obrigação de
lançar um olhar retrospectivo para relembrarmos os feitos, as obras, as
contribuições dos que fizeram parte desta Academia.
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Peço licença
para lembrar aqui alguns ilustres acadêmicos que não estão mais em nosso meio,
mas quero relembrá-los, porque foram notáveis e por sorte minha, meus
professores. Eles, com certeza, são
também responsáveis pelo solene acontecimento desta noite. Refiro-me ao
Monsenhor Antônio Monteiro Sampaio,
Cândido de Almeida Athayde, Maria da
Penha Fonte e Silva e José de Lima Couto . Mais gratificante ainda é poder
conviver nesse mesmo teto com meus grandes mestres que ainda vivem, de quem
serei eterna aluna: Lauro de Andrade Correia, Maria Christina de Sousa Oliveira
, Israel José Nunes Correia , Padre
Vicente Gregório de Sousa Filho e Francisco de Assis Cajubá de Brito, a tomar
posse.
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Meus mestres
contribuíram para a minha história. E assim, respaldada em seus ensinamentos
tracei minha trajetória profissional e de vida. E fui em frente, plantei
árvore, tive filhos e escrevi livros. As árvores eu adubo, rego. Toma minutos
do meu dia essa doce tarefa. Os filhos seguem o curso de suas vidas. O amor de mãe que nunca se esgota estará sempre
presente. E os livros? Os livros me chamam, com a cumplicidade do meu amado
esposo Ademir Brito, que me incentiva a escrevê-los. Sinto cada vez mais a
necessidade de me comunicar com os outros, através da literatura. De fazer rir,
de fazer viajar, de contar histórias que o povo quer ouvir. É prazeroso pintar
com as palavras, encontros e desencontros, amor e paixão. A gente faz rir, a
gente faz chorar. A poesia é irmã da Magia. Leva a tempos e lugares onde
transporte algum pode chegar. Sem
precisar de dinheiro, basta imaginar. E
foi nesse afã que nasceu Histórias de Marilu. O povo leu. O povo gostou. O povo
incentivou.
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Foi semeada
uma nova semente. Nasceu uma nova obra. “Assim é a Vida”. É interessante
escrever para rostos anônimos, com pensamentos diversos. Uns gostam mais,
outros menos, outros não gostam. Para saber é necessário ler. Leiam meu novo
livro. Como diz o filósofo , poeta,
psicanalista, teatrólogo Rubem Alves:
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“ O escritor
transubstancia, sua carne e seu sangue em palavra e diz aos leitores: – Leiam!
Comam!Bebam! Isso é minha carne! Isso é meu sangue! A literatura é um processo
de transformação alquímica. Todo
escritor escreve na esperança de ser devorado pelos leitores”.
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Sou consciente,
porém, que fazer parte da Academia Parnaibana de Letras, não torna ninguém melhor escritor, não transforma ninguém em
sábios nem em gênios. Ela, como explica Márcio Souza, da Academia
Amazonense, não produz milagres, mas “ é
o lugar ideal para melhorar as qualidades humanas de cada um, pelo convívio irmanado pelo amor às letras, pelo embate das
idéias, pelo exercício da sofisticação crítica”.
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Falei dos meus
imortais mestres que fazem parte dessa Academia. Agora, chegou o momento de
evocar mais dois outros ilustres
acadêmicos: Lívio Castelo Branco, o Patrono da cadeira 28, que passo hoje a
ocupar, e o primeiro ocupante desta cadeira Humberto Teles Machado Sousa.
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Lívio nasceu
em Barras, em 20 de fevereiro de 1876 , mas passou a maior parte de sua vida em
Parnaíba, onde faleceu em 05 de fevereiro de 1929. Bisavô do ilustre acadêmico
Alcenor Candeira Filho, ocupante da cadeira 06 desta Academia que o citou no livro intitulado “Aspectos da Literatura
Piauiense”, fazendo referência ao soneto “Progresso” de sua autoria. Poeta e contista. Foi auxiliar e chefe de
Contabilidade da Casa Inglesa, renomada empresa de nossa cidade. Assinava
crônica com o pseudônimo de João de Mato e Sabino Ferreira. Foi incluído na
Antologia de Sonetos Piauienses, com o soneto “ Parnaíba”. Também de sua
autoria, a poesia “Retalhos”, publicada no Almanaque da Parnaíba de 1928, que
passo a recitar:
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R E T A L H O S
Isolado,
distante, ausente da cidade,
Nessa quadra
feliz da minha juventude.
A casa da
Fazenda, a Rancharia, o Açude
Formava meu
Império, e Eu a Majestade!
Ali, não ia o
Mal, o fruto da vaidade,
Desfazer o
prazer daquela quietude:
-
Somente se encontrava, efeito da virtude,
O bem
predominando em plena liberdade!
Supunha,
então, o Mundo em doce Paraíso;
Que além
daquele Céu jamais se prolongasse
Esta vida
infernal que só hoje diviso;
Que o Bondoso
de outrora em Judas se tornasse,
E calmo,
consciente, intrépido, conciso
Viesse ao
Benfeitor cuspir na sua face!
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Humberto Teles
Machado de Sousa foi o primeiro ocupante da cadeira número 28. Nasceu na cidade
de Parnaíba onde passou sua infância. Estudou no Ginásio Parnaibano,
companheiro de turma do renomado advogado Francisco de Assis Cajubá de Brito,
também imortal, embora ainda não empossado. Passo a relatar a biografia de
Humberto, colhida do Jornal Norte do Piauí, de 24 .07.2004, num artigo de
autoria de Dr. Assis Cajubá de Brito
escrito por ocasião de sua morte.
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Humberto Teles foi líder estudantil , fluente
orador, poeta e contista. No Rio de
Janeiro, como estudante de Direito, integrou-se no movimento estudantil
iniciando intensa atividade política. Ao concluir o curso de Direito
destacou-se como um dos mais conhecidos criminalistas do Rio de Janeiro,
atuando em casos de repercussão nacional como o de Ângela Diniz e como
Assistente da Promotoria no caso da Rua
Toneleiros que vitimou o Major Rubens Vaz. No foro, defrontou-se entre outros mestres de Direito como: Romeiro
Neto e Evandro Lins e Silva, que chegou a classificá-lo como um dos mais
completos oradores que já viu na Tribuna de Júri. Foi professor universitário,
contista, poeta, tribuno, escritor, mas notabilizou-se nacionalmente como
advogado criminalista.
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Orgulha-me,
portanto, ter como patrono Lívio Castelo Branco, que se fez imortal pelas suas
idéias, pela sua inteligência, pelos seus trabalhos, pela sua produção.
Orgulha-me substituir o primeiro ocupante dessa cadeira. Um homem que deixou um exemplo dignificante
de honradez, de justiça e segundo o seu companheiro de escola, Dr. Cajubá “ a
sua memória deve ser reverenciada e seu exemplo deva servir para a juventude e
para os estudantes de Direito e advogados”.
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Identifico-me
com Humberto Teles, advogado e professor universitário. Sou Bacharela em Direito e Professora
Universitária como ele. Identifico-me com o meu Patrono e com o primeiro ocupante de sua cadeira. Ambos
contistas. Contadores de Histórias. Essa é a minha arte. Minhas obras:
Histórias de Marilu e Assim é a Vida...seguem essa linha.
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A produção
literária, cultural e científica, eterniza-se para a história. Elas refletem,
ao seu modo, as formas de expressão, a linguagem, o ambiente social e político
de uma determinada época. É certo que cada um de nós, acadêmicos, deixaremos à
posteridade, parte do presente. É possível dizer, portanto, que estamos
construindo o futuro.
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Concluo agradecendo as homenagens de minha apresentadora, a doce acolhida dos acadêmicos
da APAL, aos meus familiares que me apoiaram em toda essa caminhada e em
especial aos três grandes homens de minha vida: meus filhos Breno e Dante e meu
fiel companheiro Ademir Brito. Agradeço aos amigos que vieram me
prestigiar e quero dizer ainda, que esta noite é de celebrações. Celebro essa noite de glória.
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Sou uma contadora de histórias. Minhas
histórias são para divertir, não tem contra-indicação. Minhas histórias são
poesias que ficarão para a
eternidade
porque a poesia é eterna. Só ela sobrevive às crises, a bomba atômica, às
guerras e cataclismos, como explica o poeta,
J.G de Araújo Jorge:
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Viverão os
povos mesmo sem algodão, sem petróleo e sem trigo
De qualquer
forma – olhai a China de Confúncio e do arroz,
Vencerão
guerras e cataclismos - não subsistirão sem a poesia.
Nasce da
terra, do homem. É flor, é fruto, é trigo e carne,
É linho e
seda, é rosa e sangue, petróleo e ferro;
É água e luz.
Restarão os
povos que produzirem poesia nas suas terras;
Só eles passarão incólumes
pela bomba atômica – sobreviverão heróicos.
Obrigada!
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DO FUNDO DO BÁU - DISCURSO PROFERIDA PELA ACADEMICA MARIA DILMA PONTE DE BRITO NA APAL - APRESENTANDO O LIVRO "A FÊMEA DO CAVALO ALADO" DE PAULINA DE MORAES - DIA 02.10.2011
Apresentar
“A Fêmea do Cavalo Alado” para este seleto público, na verdade não está sendo
uma missão muito fácil. Primeiro porque gostaria de ter tido tempo de ler esta
maravilhosa obra mais de uma vez, o que não foi possível. Aliás, a rapidez com
que foi programa esta solenidade de lançamento tem muita a ver com a autora da
obra.
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Pela
própria apresentação de sua pessoa pela acadêmica Ieda, trata - se de uma
poetisa, inquieta, agitada, que está sempre montada num cavalo alado, pronta
para viajar para outro país ou viajar em sonhos, em pensamentos entre paixões,
amores, saudades e recordações.
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É
assim o livro de Paulina Moraes, um livro de poesias filosóficas, líricas,
épicas, que ora parece contar parte de sua vida, ora deixa dúvidas entre a
realidade e a fantasia.
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A
obra está dividida em dez títulos: Introdução, Fuga, Estados Unidos, Brasil,
Infância e Adolescência, Primitivo, No Avesso, Silêncio, Sexualidade, Passado e
Realidade.
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A
poetisa tem um jeito próprio de escrever, se comunica de forma diferente,
inteligente, misturando em seus versos sentimentos e arte tudo com sabedoria
numa linguagem simples, espontânea que prende o leitor.
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O
Acadêmico Hugo Gonçalves Roma, Presidente da Academia de Letras do Estado do
Rio de Janeiro que prefaciou a obra de Paulina a descreve como poetisa que
burila seus belos versos dando um efeito maravilhoso ao falar de sentimentos e da
própria natureza.
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Seus
poemas são espontâneos, soltos, demonstrando uma grande sensação de liberdade
pela forma de jogar as palavras sem medo, sem preconceito e com a coragem de
deixar falar mais alto o que vem da alma.
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Não
vou continuar falando mais e mais do conteúdo do livro para não tirar a
surpresa, o brilho de quem vai ter o prazer de ler “A fêmea do Cavalo Alado”,
recomendo a todos vocês a leitura dessa obra que vale a pena ser lida.
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Encerro,
portanto, aqui apreciação e apresentação do livro de Paulina fazendo a leitura de uma poesia que consta do
quarto título desse compêndio intitulado “Infância e Adolescência”, período em
que a autora morou em Parnaíba, na Avenida Presidente Vargas, na casa em que
hospedou Getúlio Vargas e que eu tive o prazer de freqüentar através do
convívio com sua irmã Fátima Véras, esta residência foi demolida a algum tempo e hoje em seu lugar
está funcionando a Ótica Brasileira.
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Casa grande
Amarelo pálido,
Detalhes em branco,
Janelas e potais
Verde musgo...
O ferro de engomar em brasas,
Ora abano, ora sopro das engomadeiras
Todo dia era para engomar os panos da copa
Os pijamas e as roupas da cama
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A cozinha na cor azulão
O fogão a carvão
E num canto pra socar o café, o pilão!
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Mesa farta com carne e legumes:o ensopado
Peixe frito ou cozido, galinha ou pato
Arroz e feijão!
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O primeiro cachorro, o colibri,
Depois o Veludo
Preto e peludo
A Sereia e, por último a Lili!
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A abelhas formavam colmeias
Em nossas janelas,,,
A casa grande, na cor amarelo pálido
Pelos anos desbotadas
Hoje é derrubada!
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DO FUNDO DO BAÚ - 04.05.2012 - DISCURSO PROFERIDO PELA ACADÊMICA MARIA DILMA PONTE DE BRITO APRESENTANDO ANTÔNIO DE PÁDUA MARQUES DOS SANTOS, NO LANÇAMENTO DE SUA OBRA INTITULADA "RUA DAS FLORES
Foi com muita satisfação que recebi a prazerosa incumbência
de apresentar para esse seleto auditório, o autor da obra “Rua das Flores”, que
está sendo lançada nessa noite.
A tarefa é de grande responsabilidade, mas acatei na
certeza que não seria difícil cumprir essa missão, porque já algum tempo venho
acompanhado os passos do escritor Antônio de Pádua Marques Silva, o Padinha,
como é conhecido pelos amigos.
Tenho laços de amizade com seus familiares, trabalhei na
Universidade Estadual do Piauí, - UESPI, com sua irmã, a Professora Maria de
Jesus, a talentosa e inteligente Dude, o que me leva a crer que a
intelectualidade é um bem de família.
Além do que, há exatamente 61 dias, nesse mesmo auditório,
ele, Antônio de Pádua Marques Silva, foi empossada na cadeira 48 da Academia das Sete Cidades –
ALRESC, ocasião em que tive a oportunidade complementar o meu conhecimento a
respeito desse grande escritor e
jornalista através do discurso de apresentação de sua pessoa, proferido
pelo Presidente da ALRESC, José Alves Fortes Filho.
Fui buscar a infância do Padinha, para compreender o
jornalista e escritor de hoje. Descobri que desde criança ele era um leitor
voraz de tudo o que lhe vinha às mãos. Segundo seus primeiros professores, na
escola ele já demonstrava uma velocidade e limpidez na redação, sendo sempre um
dos melhores alunos da turma.
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Antônio de Pádua deixou sua terra natal na busca de se firmar
profissionalmente. Estudou em Fortaleza e depois no Rio de Janeiro. Formou – se
em jornalismo e residiu mais de vinte
anos em São Paulo, trabalhando como jornalista no setor de assessoria de
imprensa e relações públicas para empresas estatais e privadas.
Na metade da década de 90 retornou a sua terra natal para
ficar. Foi nessa época que conheceu dois jornalistas, Francisco das Chagas
Silva Carvalho e José Luiz de Carvalho, fundadores do Correio do Povo, jornal
com tiragem de mil exemplares. Começou assim, a sua história no meio cultural
parnaibano.
Padinha, ia aos poucos demonstrando sua inteligência, seu
espírito observador, seu jeito de gostar de conviver com as pessoas, ouvir e dialogar.
Aos domingos fazia um passeio matinal no mercado para ficar no meio do povo,
aprendendo e absorvendo conhecimentos, habilidade essa, que herdou do seu
estimado pai Antonio Cornélio. Essa
sensibilidade de observação, aliada à experiência do repórter, está na maioria
das suas obras. Escreveu oito livros, entre fábulas e romances como: A Rua das
Flores, Memórias de Bismark, Joana e Seus Filhos, O Libertador de Cuba, Gato
Ladrão de Sebo, A Grande Festa dos Bichos, As Máximas e Serragem.
Além desses livros Antônio de Pádua, mostra a sua
versatilidade, com o monólogo Abraão, uma peça de teatro, que foi oferecida aos cuidados do diretor
Joaquim Lopes Saraiva, onde ele descreve as reflexões de um eremita e trata
sobre a vida, o poder, as ambições e a morte..
Como membro efetivo do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico
de Parnaíba, foi o idealizador, redator e editor da revista Histórica do IHGGP,
que teve quatro edições. Atualmente é redator e produtor de televisão. Na
verdade, Padinha circula bem entre a imprensa escrita e a eletrônica.
Mas falando ainda do profissional de imprensa, podemos
dizer que, pela sua formação, o jornalista Padinha tem uma verdadeira obsessão
pelo estilo, é meticuloso às regras de redação e a ética na montagem de uma
notícia. Respeita o leitor, que precisa ser bem informado e ouvido.
Padinha é também um apreciador de cinema, tendo
preferência por aqueles filmes que tratam de emoções, mobilizações políticas e
sociais como as guerras.
Padinha, como repórter e como pessoa, gosta do povo, de
gente comum, porque são com elas que constrói o tecido que veste a notícia do
cotidiano. Essas pessoas são levadas para a obra do Padinha, primeiro nesse
livro ora apresentado, “A Rua das Flores”, depois em “Joana e Seus Filhos”, “Gato
Ladrão de Sebo” em “Serragem”, obras prontas e que serão brevemente publicadas.
O estilo do autor dessas obras nos faz lembrar o escritor
pernambucano Nelson Rodrigues, com mistérios e tragédias em seus escritos e
ambos são além de escritores, dramaturgos e amantes do cinema.
A Rua das Flores, na opinião do próprio autor, é um livro
de inquietação e de esperança. A mesma esperança que se manifestou nele ainda
rapazinho quando saiu de casa para estudar fora, primeiro em Fortaleza e depois
no Rio de Janeiro.
Esse é um relato sucinto da pessoa de Antônio de Pádua
Marques Silva, o Padinha, que nos presenteia nessa noite com a obra “Rua das
Flores”, a primeira de muitas outras que está por vir.
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DO FUNDO DO BAÚ /2007 -DISCURSO PROFERIDO PELA ACADÊMICA MARIA DILMA PONTE DE BRITO APRESENTANDO MARIA NILZA OLIVEIRA DE CARVALHO NO LANÇAMENTO DE SUA OBRA INTITULADA "OLHARES MÚLTIPLOS".
É uma honra e um desafio assumir
a Diretoria do Núcleo da Academia de Ciências do Piauí na cidade de Parnaíba. A
presença deste Núcleo representa apoio à criação literária e incentivo as novas
gerações de poetas, contistas e historiadores que tem surgido a cada dia em
nossa cidade. Agradecemos ao Presidente
da Academia de Ciências do Piauí, escritor Herculano de Moraes, por nos ter presenteado
com este Núcleo e aceito o desafio de geri-lo porque sei que contarei com a
colaboração e apoio de todos que estão envolvidos, com a literatura, com a arte
e com a ciência.
Coube - me a feliz “missão” de apresentar
para este respeitável auditório o livro “OLHARES MÚLTIPLOS”, já em sua segunda
edição de autoria da professora MARIA NILZA OLIVEIRA DE CARVALHO, uma
piauiense, natural de Elesbão Veloso, graduada em Letras/Português pela
Universidade Estadual do Piauí e pós-graduada em Metodologia do Ensino, pela
Associação de Ensino Superior do Piauí – AESPI. A Professora Maria Nilza é titular
da Academia de Ciências do Piauí, tendo publicado diversos artigos sobre língua portuguesa e
literatura, em jornais de Teresina e é autora dos livros: “Labirintos do Amor” e “Olhares Múltiplos”.
Olhares Múltiplos é um livro de leitura
agradável que prende o leitor pela forma natural de sua escrita. Este livro
está dividido em duas partes.
Na primeira, a autora analisa diversos
poetas, entre eles: Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, Ferreira Gular e
Castro Alves, fazendo revelações interessantes e evidenciando de forma singular
a característica de cada um desses poetas. Enfatiza, principalmente, as obras
de Vinicius de Moraes, seus nove amores, suas paixões e seus poemas embasados
no lirismo e também nas questões sociais, explícito no poema “O Operário em
Construção”. Ainda nessa primeira parte, a autora Maria Nilza faz referência à
letra da música de Luiz Gonzaga, denominando “Asa Branca”, o hino do povo
brasileiro. Além do baião se reporta a outros ritmos surgidos na década de 1940
como o côco, xaxado e a bossa nova que surgiu em 1958.
Na segunda parte do livro “Olhares
Múltiplos”, a autora, nos remete a uma reflexão a respeito da difícil tarefa do
professor em educar, em abrir caminhos para o mundo da leitura, mostra o papel da
escola na formação dos leitores, aborda suas experiências do dia-a-dia, como
professora, analisa as dificuldades do ensino fundamental, trata das questões filosóficas,
políticas e psicológicas da avaliação, entre outros assuntos.
No final, encontramos três ensaios sobre a
linguagem textual, o que nos leva a constatar a grande preocupação dessa
educadora, escritora e poetisa, com os livros, com a boa leitura, com os
encantos e os momentos prazerosos que ela nos proporciona, além dos
conhecimentos e saber.
Maria Nilza quero parabenizá-la por esta
excelente obra. Tenho certeza que quem ler este livro descobrirá nas
entrelinhas muito mais encanto do que esse que tentei passar ao descrevê-lo.
Recomendo, portanto, a todos que leiam
“Olhares Múltiplos”. Ler é preciso. E concluo minhas palavras com a mesma frase
que finalizo todas as minhas falas, quando me refiro a literatura, a poesia, a
arte de escrever:
“Um
país se faz com homens e com livros” – Monteiro Lobato.