quarta-feira, 12 de março de 2014

LACUNA DE UM ADMINISTRADOR

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Lacuna de um Administrador
            As páginas amarelas da Revista Veja nº 6, do ano de 2014, trazem uma entrevista com o cientista político Luiz Felipe D´Ávilla que enfatiza a necessidade de uma nova safra de estadistas dispostos a arriscar o seu capital político na defesa de reformas para um Brasil melhor.
            Na matéria, vários aspectos da área administrativa são abordados como, por exemplo, “assumir riscos”, “liderança”, “reengenharia”, “visão de futuro”, “estabelecimento de metas”, “meritocracia”, dentre outros. Daí verifiquei que nunca tivemos nenhum Presidente da República com formação em Administração.
            Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Hermes da Fonseca, Humberto de Alencar Castelo Branco, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo tinham formação militar. Eram ou são bacharéis em direito: Prudente de Moraes, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Venceslau Brás, Delfim Moreira, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luís, Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Carlos Luz, Nereu Ramos, Jânio Quadros, João Goulart, Tancredo Neves e José Sarney. Café Filho não concluiu o Curso de Direito. Juscelino Kubitschek era formado em Medicina, Fernando Collor em Ciências Econômicas, Itamar Franco em Engenharia, Fernando Henrique Cardoso em Ciências Sociais, Dilma Rousseff em Economia.
            Fiquei imaginando a falta de um Administrador na gestão do nosso país. O administrador é agente de mudanças. Planeja e traça estratégias, tem ampla visão de negócios, aprende com as organizações que estão dando certo, é preparado para correr riscos com responsabilidade, evita desperdício de material e mão-de-obra, controla resultados, estuda as técnicas para uma boa gestão, é treinado para enfrentar desafios e conviver com adversidades e mudanças. Durante sua formação acadêmica de, no mínimo, dez anos (incluindo especialização, mestrado e doutorado) estuda matemática financeira, contabilidade, sociologia, direito, economia, relações humanas e ética.  Ao concluir a graduação jura, promete diante da sociedade:
"Prometo dignificar minha profissão, consciente de minhas responsabilidades legais, observar o Código de Ética, objetivando o aperfeiçoamento da Ciência da Administração, o desenvolvimento das Instituições e a grandeza do homem e da pátria".
          É inegável o talento de algumas pessoas para administrar negócios mesmo sem ter frequentado um curso de Administração. Há incontáveis casos de sucesso, mas o mundo tornou-se mais competitivo e governar não é um ambiente de negócios simples. Agora, administrar é para profissionais.
            O Brasil nunca teve o privilégio de ser presidido por um Administrador, o que é compreensível, considerando a idade da profissão. É hora de elegermos um profissional da área.
Na verdade, o que pretendemos destacar é que uma pessoa com essa formação acadêmica está pronta e preparada para gerir qualquer instituição. Um administrador na Presidência de República não garante o sucesso do país, mas é quem tem a formação adequada.
Creio que é de um Administrador que o cientista político Luiz Felipe D´Ávilla, se refere ao buscar um estadista. Ele é um profissional que estudou, acumulou conhecimentos e aperfeiçoa-se cotidianamente na “arte” de administrar e gerir recursos.

Texto de autoria de Maria Dilma Ponte de Brito - Publicado no Jornal Norte do Piauí  e no Portal www.recantodasletras.com.br